Decadência: Brasil cai quatro posições e
agora é a 22ª maior potência militar do mundo
Em 2013, o País
ocupava a 18ª colocação na lista de países com as forças armadas mais poderosas
do mundo. Estados Unidos, Rússia e China lideram a classificação
Frederico Vitor
O Brasil caiu da 18ª
posição para a 22ª no ranking das maiores potências militares mundiais, segundo
o site especializado em Geopolítica e militaria, Global Firepower. A lista é
liderada pelos Estados Unidos, seguidos por Rússia, China, Índia e Reino Unido.
Apesar de ter caído na classificação, o Brasil é o País da América Latina em
melhor posição na lista, seguido por México na 31ª e Chile na 43ª.
O Brasil, apesar de
ser a 8ª economia mundial e ter 202 milhões de habitantes está atrás no ranking
de países com menor população ou território, como Egito, Polônia, Austrália,
Canadá, Vietnam, Paquistão, Tailândia, Turquia, Indonésia, Coreia do Sul e
Taiwan.
A lista que classifica
as potências militares do mundo faz uso de mais de 50 fatores para determinar o
índice de poder de cada nação. Ou seja, isso permite que países menores, mas
tecnologicamente mais avançados, tenham como competir com países maiores, mas
menos desenvolvidos.
Alguns pontos
importantes foram levados em consideração para a organização do ranking: as
capacidades nucleares não são levadas em conta, mas fatores geopolíticos
influenciam o posicionamento de cada país na classificação. A dependência de
recursos naturais e a saúde econômica atual para cada país é levada em conta.
Na dianteira, desde o colapso da União Soviética, os Estados Unidos lideram o
ranking com folga e, seu orçamento de defesa, equivale a soma de todos os
demais orçamentos para área do mundo.
BRICS
O Ranking do Global
Firepower apontou que do bloco de países emergentes denominados BRICS, formado
por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brasil está numa posição
bem inferior à Rússia, China e Índia, 2ª, 3ª e 4ª colocadas respectivamente no
ranking das potências militares. Contudo, tanto Rússia e China fazem parte do
Conselho de Segurança da ONU, além de deterem vastos arsenais nucleares. Ambas
as nações estão envolvidas em questões de disputa territoriais com outros
países e investem pesadamente em seus respectivos complexos industriais
militares, sendo grandes exportadores de armas.
A Índia, além de ser
uma potência militar, na frente de Reino Unido e França, tem armas nucleares em
seu arsenal, porém não faz parte do Conselho de Segurança da ONU. Contudo, o
país asiático foi o que mais importou armas de todos os tipos nos últimos três
anos.
Brasil
A queda do Brasil
neste ranking, ou seja, de 18ª para 22ª, se deve a crise econômica e aos baixos
investimentos feitos pelo governo em Defesa nos últimos anos. Segundo o Global
Firepower, o país tem 327 mil militares na ativa mais 3,4 milhões na reserva.
Porém, o número expressivo de tropas é contrastante com seus equipamentos, que
na maioria são defasados e de número reduzido.
Dos 92 aviões de
combate a jato, por exemplo, apenas 43 são supersônicos (podem voar em
velocidades superior ao do som). Os caças F-5 M de fabricação americana, da
década de 70, com cerca de 40 anos de serviço ativo da Força Aérea Brasileira
(FAB), apesar de terem passado por modernização pela Embraer (ganhando novo
radar, sensores e habilitados a combater alvos aéreos além do alcance visual
[BVR]) estão longe de fazer frente a outros jatos de combate em uso por forças
aéreas da região, como os F-16 chilenos e SU-30 da Venezuela.
Enquanto isso, a FAB
espera receber em quatro anos 36 caças Gripen NG, de fabricação sueca, que vão
recolocar a força a um nível mais alto de tecnologia e letalidade de seus vetores.
Os caças escandinavos venceram uma concorrência contra o americano F-18 Super
Hornet e o francês Dassault Rafale, e vai custar cerca de R$ 9 bilhões aos
cofres da União. Porém, o moderno jato virá com um pacote de transferência de
tecnologia, algo muito almejados pelos brigadeiros.
Na aviação de
transporte continua emperrado — em função do contingenciamento de recursos — o
desenvolvimento do cargueiro KC-390, um avião projetado pela Embraer em
parceria com a FAB que deve substituir os C-130 Hércules, tornando a ponta da
lança da aviação de transporte e de reabastecimento em voo da FAB.
Navios Velhos
A Marinha tem apenas
um porta-aviões, o Nae A12 São Paulo (comprado de segundo mão da França no ano
2000, ex FS Foch) que não entra em operação há cinco anos em razão de problemas
em seu sistema de caldeira. A frota é antiga e alguns navios com mais de 30
anos estão dando baixa do serviço ativo por terem atingidos alto grau de
obsolescência. Embora a Marinha trabalhe em um grande projeto de construção de
quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear em solo brasileiro
(com tecnologia francesa), da frota atual de cinco submergíveis, apenas dois
estão em condições de operar no vasto mar territorial brasileiro.
Apesar da condição
precária da armada brasileira, os almirantes brasileiros compraram recentemente
um navio de assalto anfíbio de segunda mão da França. O Siroco, que no Brasil
será comissionado como G 40 Bahia, é capaz de alojar 450 tropas (fuzileiros) e
seus equipamentos, operar quatro ou mais helicópteros médios, transportar cerca
de 100 veículos militares, incluindo blindados, e lançar através da sua popa
alagável, embarcações de desembarque de vários modelos e capacidades, incluindo
o CLANF, blindado de esteiras anfíbio operado pelo Corpo de Fuzileiros Navais.
Fuzis antiquados
Já o Exército ainda
não conseguiu efetivar a troca total de seus fuzis de assalto FN FAL (7,62mm)
que, desde a década de 1960, está em uso massivo nos quarteis. A Imbel, uma
empresa de fabricação de armamentos do Exército já desenvolveu o substituto do
FAL, trata-se do IA2 (7,62mm e 5,56 mm). Mas, por enquanto, apenas as unidades
operacionais estão utilizando o novo artefato.
No mais, a Força
Terrestres enfrenta dificuldades de alocação de verbas para concluir o projeto
de uma nova família de blindados sobre rodas (6×6) de transporte de tropa (
VBTP-MR Guarani) e do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras
(Sisfron).
O primeira, trata-se
do desenvolvimento e aquisição pelo Exército de uma família de blindados que
vai incorporar as mais avançadas tecnologias. O carro de combate, de tração
6×6, capaz de transportar até 11 soldados, deverá substituir as antiquadas
viaturas blindadas Engesa Urutu e Cascavel. A expectativa do Exército é de
encomendar da fábrica da Iveco situado em Sete Lagoas (MG), cerca de 2.200
blindados. Mas, até o momento, a Força comprou apenas 100 forçando a planta
industrial dos veículos a fechar suas portas em caráter temporário.
Já o Sisfron, tem como
objetivo conter ações criminosas ao longo dos 18 mil quilômetros de faixa de
fronteira do País. O projeto prevê no prazo de 10 anos monitorar toda a
fronteira, por meio de radares, veículos blindados, barcos, helicópteros,
sistemas de comunicação e veículos aéreos não tripulados, contra o tráfico de
drogas e de armas que alimenta a violência e o crime organizado nos grandes
centros brasileiros. Mas, até o momento, apenas 7% dos investimentos prometidos
foram feitos.
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